Você pode fugir e se esconder, mas não tem jeito: o ciclo pecuário vai te pegar. Mesmo que você não acredite nele e negue os fatos da sua existência. Mesmo que você ache que ele é uma invenção dos frigoríficos. Mesmo que a área de pastagens esteja diminuindo no Brasil e os pecuaristas estejam cedendo terras para outras culturas. Mesmo que as fêmeas estejam sendo demandadas para a produção de carne. Mesmo que o custo do pacote tecnológico esteja aumentando e a idade do boi ao abate esteja diminuindo. Mesmo que haja uma expansão de crédito no mercado agropecuário brasileiro e você ache que esse incentivo neutralizará o ciclo. Ainda assim, o pecuarista sentirá seus efeitos como está sentindo agora.
Não há como fugir do ciclo pecuário porque ele nada mais é do que a dinâmica de evolução do rebanho bovino brasileiro combinada à eterna luta do produtor contra a quebra de suas margens financeiras. Em função disso, pode-se dizer que ele é regido pelos seguintes fatores:
• Um processo contínuo de retroalimentação estimulado pelos preços. O pensamento do produtor é: “Se tal atividade está dando lucro, preciso aumentar a produção”. Por isso, quando os preços reais sobem, o interesse pela atividade aumenta, o que leva a investimentos especialmente na aquisição e retenção de fêmeas nas fazendas;
• O aumento de ventres disponíveis para cobertura, aumenta também a produção de bezerros;
• A maior oferta de bezerros faz com que seus preços parem de subir e, em seguida, caiam, variando abaixo dos custos. Isso desestimula o produtor, cujo capital disponível para investimento agora é menor ou nulo;
• Dada a baixa remuneração da atividade e a necessidade de fazer caixa, o pecuarista passa a abater fêmeas;
• Com a redução de ventres disponíveis, cai também a produção de bezerros para venda e seus preços voltam a subir, dando início a um novo ciclo pecuário.
Fonte: portaldbo.com.br