Como obter o máximo de produtividade da pecuária com o menor custo na estação das águas?

Na estação da águas é que a pecuária de corte brasileira realmente deslancha. As chuvas são um importante fator catalisador para a atividade, já que contribuem para as pastagens tropicais atingirem seu auge produtivo, sendo capazes de alimentar os animais de forma bem mais econômica na comparação com a dieta intensiva do confinamento, por exemplo. Mas o pecuarista precisa cumprir seus deveres para ajudar a natureza a desempenhar o seu papel de nutrir o rebanho.

Quem falou sobre o assunto nesta quarta, dia 13, foi o engenheiro agrônomo e doutor em ciência animal e pastagens, José Renato Silva Gonçalves, administrador da Fazenda Figueira, propriedade em Londrina-PR onde a Fealq, fundação da Esalq/USP, testa e valida novas tecnologias próprias e de instituições parceiras.

“A gente tem o período chuvoso, que para a maior parte do Brasil pecuário está começando agora, que vai de outubro até março ou abril, dependendo da região que a gente está, em que eu tenho as condições adequadas para este capim produzir. É neste momento, no período das águas, que eu tenho que tomar cuidado para suplementar e complementar qualquer deficiência que esse capim tenha para que a gente possa potencializar a produção dos animais, a produtividade da fazenda e, principalmente, a lucratividade do nosso negócio”, resumiu Gonçalves.

José Renato lembrou que o custo de produção no período é normalmente menor porque não há necessidade de o produtor fazer a suplementação alimentar do rebanho. Mas a suplementação mineral é essencial para suprir as deficiências apresentadas pelas pastagens, que crescem em solo carentes de certos elementos, como o fósforo.

Por isso, aproveitando o apetite natural que os bovinos têm por cloreto de sódio, o produtor precisa adicionar a este sal branco comum tais substâncias. “O (sal branco) é um veículo. O animal tem uma demanda por sódio, uma demanda por cloro, mas isso a gente atende muito fácil. E aí a gente aproveita e usa este veículo, já que ele tem o apetite para consumir, para veicular os outros minerais que são de extrema importancia para os processos enzimáticos, os processos produtivos”, explicou.

O doutor em ciência animal e pastagens alertou para que o pecuarista não deixe faltar na dieta nem mesmo minerais consumidos em quantidades aparentemente inexpressivas, pois ainda assim, sem eles, o desempenho metabólico dos animais fica comprometido.

Outra forma de melhorar a qualidade das pastagens em relação às necessidades dos animais é reforçar a fertilidade do solo, já que o capim é um reflexo do que há no terreno. “Então se estou em uma região de solos pobres, onde não foi feita nenhuma correção, nenhuma adubação, por mais que eu descanse este pasto, deixe ele vedado e ele consiga acumular uma produção, esta produção do pasto tem as mesmas deficiências do solo”, avisou o agrônomo.

“O Brasil tem um diferencial produtivo de gado de corte que poucos países no mundo têm. A gente tem extensão de área, tem solos adaptados à produção de plantas forrageiras, de capim, uma gama muito grande de capins adaptados a diferentes regiões brasileiras e nós temos um animal, que são os zebuínos, que são capazes de produzir neste sistema a pasto com uma boa eficiência. Então o primeiro ponto para a gente manter a lucratividade em patamares adequados é a gente explorar o potencial do pasto. Esta é provavelmente é a maneira mais barata de produzir arrobas de carne no Brasil”, indicou José Renato.

O agrônomo destacou que existem produtores que inclusive utilizam a suplementação alimentar como ‘muleta’ ao falhar na produção de forrageiras, o que encarece o sistema produtivo e diminui a margem de lucro.

Para assegurar que os animais de fato consumam o sal mineralizado, José Renato recomendou atenção com a metragem de cocho, que ganha relevância conforme mais simples é o manejo de lotes e piquetes. Em pastos grandes, por exemplo, um cocho maior torna-se mais importante por conta do comportamento natural dos animais, que preferem andar em bando pela proteção. Assim, a tendência é que quando os primeiros animais que já consumiram o sal mineral comecem a sair do cocho, os que ficaram por último acompanhem os demais e não tenham tempo de lamber o sal no cocho. Com uma estrutura maior, mais indivíduos podem acessar e consumir a quantidade ideal dos minerais.

Outra forma de fazer com que os animais permaneçam um tempo maior próximo aos cochos com sal é instalá-los próximos ao bebedouro, induzindo os animais a ingerirem a quantia necessária dos nutrientes. “O grande problema da suplementação mineral a pasto é que o consumo pelos animais é errático. Ele não consome exatamente o que ele precisa todos os dias. Ele pode consumir o dobro da quantidade hoje e ficar dois dias sem lamber. Só que isso aí prejudica os processos metabólicos. Então quando a gente consegue fazer com que o animal fique mais tempo próximo ao cocho de sal, a gente acaba conseguindo amenizar esta variabilidade dentro do consumo e melhorar o desempenho produtivo destes animais”, concluiu.

Fonte: Canal Rural

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