Indução de lactação: uma ferramenta para aumentar a eficiência produtiva

Resumo do artigo

O protocolo de indução à lactação é uma ferramenta reprodutiva, pois possibilita uma nova oportunidade para as fêmeas saudáveis que não conseguiram estabelecer a gestação.

O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo, ocupando o quinto lugar, segundo a FAO (2016). No entanto, a produção média dos Estados Unidos é de 7.953 litros por vaca/ano enquanto que a brasileira é de somente 1.154 litros por vaca/ano. Isso mostra que a cadeia leiteira nacional apresenta diversos gargalos produtivos. Diante desse cenário problemático, é necessário utilizar estratégias para aumentar a eficiência produtiva.

É comum algumas fêmeas do rebanho acabarem terminando o período de lactação sem conseguir estabelecer uma gestação. Essas falhas reprodutivas podem comprometer o manejo reprodutivo e consequentemente, a produtividade das fazendas. Dessa forma, ocorre o aumento de descarte involuntário das matrizes do rebanho, redução do período produtivo e do número de animais para reposição.

Uma possível solução é utilizar o protocolo de indução à lactação, fazendo com que seja possível iniciar um novo período de lactação em uma vaca que não obteve sucesso na prenhez. Também pode ser aplicado em novilhas que já atingiram o peso e estão aptas a reprodução, mas não emprenham.

Para que o protocolo tenha sucesso, é importante cumprir alguns manejos e atender a alguns critérios para seleção dos animais. As vacas devem ter boa condição corporal (animais escore de condição corporal baixo ou muito alto devem ser evitados), boa produção na lactação anterior e estarem saudáveis. Ainda é necessário evitar animais de idade avançada. Essas fêmeas vazias devem ser secas, receber protocolo de secagem completo e só após 40 dias é iniciado o protocolo de indução à lactação.

Para o desenvolvimento da glândula mamária é necessário o uso de alguns fármacos como progesterona, prostaglandina, estrógeno, somatotropina e cortisol. Esse conjunto mimetiza o perfil hormonal fisiológico presente no final da gestação (colostrogênese), fazendo com que o organismo da fêmea entenda que é o momento de produzir leite. Segue abaixo o protocolo estabelecido por Mingoti (2016).

Figura 1. Protocolo de indução à lactação (Mingoti, et al – ICAR 2016).

Estudos recentes indicam outro benefício importante do protocolo de aleitamento: o retorno à função reprodutiva e consequente prenhez de fêmeas que poderiam ser descartadas.

Pesquisadores avaliaram se a fertilidade de vacas holandesas vazias submetidas ao protocolo de indução à lactação pudesse ser afetada posteriormente. Ao serem inseminadas artificialmente, as vacas apresentaram alta de taxa de prenhez (41,5%) até a terceira inseminação após o protocolo. O mesmo benefício reprodutivo foi observado em outro estudo com novilhas (taxa de prenhez de 76,2%). Dessa forma, o protocolo de indução à lactação pode ser utilizado como estratégia para incrementar a fertilidade de vacas holandesas repetidoras de serviço e novilhas.

A indução à lactação é uma ferramenta reprodutiva, pois possibilita uma nova oportunidade para as fêmeas saudáveis que apresentaram falhas reprodutivas, aumentando a produtividade da propriedade. Vale lembrar que para o melhor resultado procure sempre um veterinário para acompanhar a indução.

BRUNA MARTINS GUERREIRO E BRUNO GONZALEZ DE FREITAS

ESPECIALISTAS TÉCNICOS EM REPRODUÇÃO ANIMAL

Fonte: OURO FINO SAÚDE ANIMAL

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